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Por Ricardo Ribeiro
A rejeição da doutrina trinitária por parte dos muçulmanos,
entre tantos, deve-se inicialmente a pressuposição que têm sobre
aunidade absoluta de Deus. Sem mencionar a falta de vontade em estudar o
assunto, impaciência, falta de humildade em reconhecer a limitação
humana, erros de aplicação hermenêutico-exegético, e finalmente, a
profundidade do assunto, sem citar a ausência da uma linguagem
técnico-explicativa melhor do que a de Tertuliano. O Corão é taxativo:
“Ó adeptos do Livro, não exagereis em vossa religião e não
digais de Deus senão a verdade. O Messias, Jesus filho de Maria, foi tão
somente um mensageiro de Deus e Seu Verbo, com o qual Ele agraciou
Maria por intermédio do Seu Espírito. Crede, pois, em Deus e em seus
Mensageiros e não digais: Trindade! Abstende-vos disso, que será melhor
paravós; sabei que Deus é Uno. Glorificado seja! Longe está a hipótese
de ter tidoum filho. A Ele pertence tudo quanto há nos céus e na terra e
Deus é mais doque suficiente Guardião. O Messias não desdenha ser um
servo de Deus, assim como tampouco o fizeram os anjos próximos a (de
Deus). Mas, (quanto) àqueles que desdenharam a Sua adoração e se
ensoberbeceram, Ele os congregará a todos ante Si (Surata 4:171,172).”
Percebemos por esta passagem a dificuldade dos Muçulmanos e
da maioria. Afinal, estamos diante de uma realidade cuja expressão
encontrou guarida num termo muito pobre, mas o único no vocabulário
humano, que tenta exprimí-la. Gustaf Aulén, afirmava ser o termo um
risco à unidade da fé em Deus, facilitando significados diferentes do
pretendido, pois na Igreja primitiva, o termo “pessoa” teria uma acepção
que reforçava o monoteísmo e que difere do significado hodierno.
Afirma ainda, que se os pais da igreja soubessem o significado
do termo aplicado hoje, chamariam os trinitários de hereges. Para ele, a
raiz do triteísmo está na expressão“três pessoas”, e que a doutrina da
Trindade contribuiu, ao que parece, na divisão do conceito de Deus.
Lutero, segundo Aulém, teria criticado muito o termo,consentido no seu
uso por causa dos fracos. O reformador dizia que, ao mencionar qualquer
das pessoas da Divindade, o que se mencionava na verdade, era o Deus
real e verdadeiro pois, na Divindade haveria a maior unidade.
Não se deve contudo, sacrificar uma idéia pelo simples fato de
não saber expressá-la corretamente ou compreendê-la. Não entendemos
ipsis litteris o conceito da divisão do tempo em passado, presente e
futuro, por exemplo, e nem sabemos exprimí-lo mas, nem por isto
abandonamos a idéia do tempo. Ron George inclusive, nos diz que todas as
analogias falham em algum ponto quando as usamos para que os muçulmanos
entendam a Trindade. Esta do tempo porém, é ideal para o seu propósito
pois, é constituído por três elementos indivisíveis: passado, presente e
futuro.
Podemos dizer que, o mais próximo que poderemos chegar com
uma analogia, é a mente humana. Pois, é como se ela se dividisse e
sustentasse discussões consigo própria, fazendo perguntas e
respondendo-as, propondo dificuldades e resolvendo-as, enquanto
permaneceria em uma terceira capacidade como espectadora, neutra de si
própria, julgando as questões favorável ou não.
Além do mais, é muito incômoda a idéia segundo a qual, houve
um tempo no qual Deus esteve solitário. E é aqui que vemos a
superioridade do Deus Trino. O argumento Islâmico exige que Deus tenha
vivido um tempo a partir do qual sentiu a necessidade de criar um estado
de coisas para poder exercer sua soberania, o que não podia quando
nada existia. Este argumento limita a auto-suficiência de Deus, o que
não ocorre quando sabemos que Deus o Pai é o eterno Amante, Jesus o
Filho é o eterno Amado e o Espírito Santo é o vínculo desse Amor. Ele
pode então dizer “ainda antes que houvesse dia, EU SOU”. Ele criou todas
as coisas não porque precisasse delas mas, apenas porque quis. O que
não ocorre quando os muçulmanos retiram Sua essência Triúna.
Ao entrar em Canaã, o Israel monoteísta não podia receber a
plena revelação de como Deus era, sob pena de confundi-lo com os deuses
de Canaã. Deus procede então, como um militar que se aproxima de um
grupo de civis que não acreditam em militares honestos (Triteísmo).Tal
militar não poderá revelar de imediato sua identidade (Unidade
Composta), nem exibir sua farda, sob pena de ser incluído no rol dos
desonestos militares (Grupo de três deuses). Terá que provar-lhes na
vida prática que é honesto (que é único), preparando a tais pessoas para
a revelação de quem ele realmente é, um militar honesto (Deus trino com
uma unidade composta). Será impossível rejeitá-lo depois que provou na
convivência com o grupo, sua honestidade (Que não são três deuses).
Mesmo pálida, esta analogia ajuda-nos a compreender a revelação
progressiva que Deus fez de si mesmo na Bíblia, e o porquê de não tê-lo
feito de uma vez por todas, no início da revelação. A verdade é que o
orgulho do intelecto humano o inquieta a descobrir o que não pode.
Um breve levantamento do conceito que certos povos tinham
sobre a divindade, revelará que quase todos possuíam uma certa noção da
trindade, só que de forma distorcida. Isto concordaria com o argumento
ontológico de Anselmo, segundo o qual Deus teria posto a noção da
Divindade perfeita dentro do homem. No entanto, sabemos que Ele proibiu
aos que tiveram a revelação escrita, de expressarem essa noção, sob pena
de ser mal interpretada com sendo triteísmo. Daí Seu cuidado em
advertir: “...não fareis para ti imagens de escultura...” (Ex 20:4) e
“...não havemos de cuidar que adivindade seja semelhante (...) à pedra
esculpida por artifício e imaginação dos homens” (At 17:29). Por isso,
disse Jesus: “Deus é espírito e importa que os que o adoram, o adorem em
espírito eem verdade” (Jo 4:24). Thiessen afirma que as tríades não
servem para explicar ou confirmar a Trindade. Temos que concordar, visto
que elas são, de fato, a expressão errada de uma idéia, porém, certa.
As tríades (do grego trias = Grupode três) no entanto, refletiam há
muitos milênios, apenas o entendimento equivocado desta noção, sem
mencionar o quanto o Maligno possa ter influenciado para a corromper
ainda mais distanciando-a da verdadeira noção da Divindade, nascendo,
provavelmente, com o homem primitivo e/ou já civilizado, assim expresso
em várias nações, povos e religiões.
a) Na Índia existe a tríade composta por Braham (o Criador), Vishnu (o Salvador ou o Preservador) e Shiva (o Destruidor);
b) Na Babilônia, Anu (deus do ar), Enlil (deus da água), e Ea (deus daterra);
c) No Egito, Ísis (a mãe), Osíres (o pai) e Horus (o filho);
d) No Budismo, Manjusri, Vajrapani e Avaloktesvara (o mais importante dostrês);
e) No Zoroastrismo, Sraosha, Mithra e Rashnu;
f) Na Regilião Etrusca, Júpiter, Minerva e Juno (sem parentesco entreeles);
g) Na Primitiva Religião Sueca, Odim, Tor e Freyr;
h) No Taoísmo Chinês, Ching (essência), Chi (força vital) e Shen(espírito).
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AS TRÍADES SÃO A EXPRESSÃO ERRADA, DE UMA IDÉIA CERTA. A FRUSTRADA TENTATIVA DO HOMEM CAÍDO EM EXPLICAR COMO É DEUS. |
TRÊS PROPOSIÇÕES DE THIESSEN SOBRE A TRINDADE
Baseado
no seu estudo da doutrina trinitária, Thiessen fez algumas observações e
deduções que julgamos importante mencioná-las com brevidade. Segundo
ele, inicialmente, a doutrina da tripersonalidade de Deus não está em
conflito com Sua unidade, havendo três pessoas em uma só essência.Em
segundo lugar, as distinções entre estas Pessoas são eternas. O que
subentende-se de passagens que pressupõem a existência de Cristo com o
Pai desde a eternidade (João 1:1,2; Fp 2:6; Jo 17: 5:24) A natureza do
eterno relacionamento existente entre o Pai e o Filho habitualmente
chamada de “geração”, e entre o Filho e o Espírito Santo de “processo”.
Entenda-se por “geração eterna”, a contínua e“eterna emanação”. Quando
lemos no Salmo 2.7, a expressão “Tu és meu Filho; eu hoje te gerei”, o
termo “hoje” denota a presença do universal, o Agora eterno, perpetrado
eternamente. Esta declaração de Miquéias corresponde a mesma
coisa:“cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da
eternidade” (Mq5:2).
Quando Jesus disse: “Porque assim como o Pai tem vida em si
mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo” (Jo 5:26). Ele
falou de uma comunicação eterna devida do Pai para o Filho. O termo
“processo”, aplicado ao Espírito Santo, é o equivalente ao termo
“geração” atribuído ao Filho. Mas, o Espírito Santo “procede” tanto do
Pai como do Filho (Jo 14:26; 15:26; At 2:33: Hb 9:14). Em terceiro
lugar, os três são iguais. O que não exclui a organização que apresenta o
Pai como primeiro, o Filho como segundo e o Espírito como
terceiro.Estabelecendo apenas a ordem e não a diferença de glória, poder
ou extensão da existência. Walker, citado pelo mesmo autor, afirma: “Tertuliano,
Orígenes e Atanásio ensinaram a subordinação do Filho e do Espírito ao
Pai. Agostinho enfatizou tanto a unidade que ensinou a plena igualdade
da ‘pessoa’ ”. E esta posição de Agostinho foi universalmente
aceita. A Trindade é o Protótipo da família, o modelo original. Querer
destruir a família constitui-se afronta ao próprio Deus que ela projetou
em Si mesmo e a mantém e com certeza, a defende e a fará vencer.
Defender a Família é defender o próprio Deus. E ele paga bem os
honorários dos seus Advogados!
Deus
Pai
|
Deus
Filho
|
Deus
Espírito
Santo
| |
Jr. 23:24
|
Ef. 1:20-23
|
Sl 139:9
|
Onipresente
|
Gn. 17:1
|
Ap. 1:8
|
Rm. 15:19
|
Onipotente
|
At. 15:18
|
Jo. 21:17
|
I Co 2:10
|
Onisciente
|
Gn. 1:1
|
Jo 1:3
|
Jó 33:4
|
Criador
|
Rm. 16:16
|
Ap. 22:23
|
Hb. 9:14
|
Eterno
|
Ap. 4:8
|
At. 3:16
|
I Jo 2:20
|
Santo
|
Jo 10:36
|
Hb. 2:11
|
I Pd.1:2
|
Santificador
|
Rm. 6:23
|
Jo. 10:28
|
Gl. 6:8
|
Fonte de Vida Eterna
|
II Co. 6:14
|
Jo. 2:19
|
I Pd. 3:18
|
Ressuscitador de Mortos
|
Hb. 1:1
|
II Co. 13:3
|
Mc. 13:11
|
Inspirador de Profetas
|
Jr. 3:15
|
Ef. 4:11
|
At. 20:28
|
Supridor de Ministérios à Igreja
|
II Ts. 2:13
|
Tt. 3:4-6
|
I Pe. 1:2
|
Salvador
|
Extraído da Tese de Mestrado de Ricardo Ribeiro
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